Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


                          Paraíba, Rica Pinacoteca

    Aprecio exposições de pintores, poetas que, com o pincel, escrevem “poésis” na tela.  Lê-se na crônica de Manuel Bandeira “Exposição de Helios Seelinger” (A Manhã, 22.04.1943), que o inverso também ocorre: o poeta Jorge de Lima pintar e, na tela, “fazer poesia com cores”. Compareci, sexta retrasada, ao Convento São Francisco, para vernissage da nova coleção de Fran Lima, que retratou em óleo o acadêmico Ascendino Leite em todas as idades e seus livros, como explicou o artista Chico Pereira: “Tudo numa simbiose de letras e arte em acrílico sobre telas”. Esse sertanejo de Conceição viveu tanto e intensamente, que, com quase cem anos, parecia um homem sem idade.  Agora, imortalizado também em belas telas.  
   
    A
pintora Fran, como Lúcia França, Evanice dos Santos e Ana Lúcia Pinto, é fruto da Associart, que ajudamos a criar e a instalar no Espaço Cultural, sob orientação do Mestre Raul Córdula. Todos iniciaram a Associart como amadoristas, profissionais de diversas áreas, vocacionados à pintura com sucesso. O colorido de Fran realça beleza e, quando em pinceladas de preto e branco, este doublé, com simplificação, reflete  a simplicidade e a dedicação às letras de Ascendino. Essas exposições são socialização da pintura enquanto os quadros não forem vendidos, como ornamentos, para ficarem trancados em quartos e salas de quem tem bom gosto e recursos para adquiri-los.  Por conseguinte, as exposições de pintura são um museu provisório, enquanto o museu, uma exposição permanente.
   
     A
terra de Pedro Américo e do seu irmão Aurélio de Figueiredo reclama a instalação do Museu de Arte Contemporânea - MAC-PB, criado pelo Decreto de nº 20.696, de 9/11/1999, na nossa gestão frente à Funesc, ocasião em que convidamos a famosíssima artista abstracionista Tomie Othake para expor no Espaço Cultural. Durante essa sua única visita a um estado do Norte e Nordeste, numa profícua semana, realizou oficinas, ensinou cores, arte e sabedoria oriental. Ao ter visto obras de Flávio Tavares, Raul Córdula, Rodolfo Athayde, Miguel dos Santos, Marlene Almeida, José Patrício, Fabiano Gomper, Santa Rosa, Ivan Freitas, Hermano José, Clóvis Junior, Chico Dantas, Elpídio Dantas, Chico Pereira, Diógenes Chaves, o itabaianense Otto Cavalcanti, José Rufino, Alberto Lacet, José Lira, Marcos Pinto, Jackson Ribeiro, Alice Vinagre, Rosilda de Sá, Dias Paredes, Walter Wagner, Júlio Cesar Leite, Ciro Fernandes, Paulo Roberto Vieira de Melo, Maria Helena, Alberto Júnior, João Câmara, Sérgio Lucena, Fred Svendsen, Unhandeijara Lisboa, José Altino, Sidney Azevedo e tantos outros da Associart, Tomie Othake se convenceu de que se deve um Museu ao nosso Estado porque a Paraíba já é uma rica pinacoteca.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 06/06/2011
Alterado em 11/06/2011


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