Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


Chico Cardoso e o V Fesmuza
 
       Do dedicado homem às ciências médicas, Manuel Jaime, também assim ao mundo da cultura, colhem-se joias como a de que a cultura admirável é aquela espontânea, da iniciativa de quem apenas deseja realizá-la, sem a exigência de recursos públicos que, cada dia, por aqui mínguam.  Há os chamados de “brincantes”, como o gaiteiro João de Amélia, do Sítio Louro e o cordelista Marco di Aurélio, na feira de Monteiro, tocando, respectivamente, gaita e zabumba, fazendo cultura para brincar e divertir o povo, movidos apenas pelo lúdico cultural. Outros, enfrentando batentes, apresentam sua arte e recebem o quase suficiente para divulgarem nossos valores.
 
       Um misto de “brincante” e profissional da cultura é o jornalista Chico Cardoso, radicado em Cajazeiras; fez-se agitador cultural por prazer e sem parar, não importa chuva, não importa seca, naquele alto sertão. Faz dias que me convidou a julgar cinquenta poemas sobre o imortal Luiz Gonzaga, enviados de todos os recantos do país. A este trabalho colaboraram os poetas Fernando da Cunha Lima e Astênio Cezar Fernandes, cujos resultados dos cinco premiados, entre os inscritos dos Estados do Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, foram reconhecidos e elogiados.

       A maior surpresa desse 18 de agosto veio por conta do V FESMUZA, com prêmios de até seis mil reais e valiosos participantes. Em São João do Rio do Peixe, no imenso e agradável pátio e palco da Fazenda Cidade, na Comunidade São Francisco, sussurravam, ora frenética, ora mansamente, os foles de 24 acordeões e 44 cantantes das músicas gonzagueanas. Um espetáculo! Tudo de muito bom gosto e organizado sem apoio do erário público. Havia Mesa Julgadora e Apuradora, com precisos formulários, sob a Cooordenação do exímio conhecedor do “Rei do Baião”, Onaldo Queiroga. De repente, aparece uma criança franzina, de oito anos, conterrânea do Padre Cícero, que mal podia com a sanfona, parecia capricho do pai... Mas, o pirralho se agigantou quando “rasgou” a sanfona.  Dedilhou com maestria “os oito baixos” e executou, com ricas e inúmeras variações, “Asa Branca”, revelando-se, por antecipação e manifestação de umas oitocentos pessoas, o primeiro lugar: “Cícero Paulo Ferreira, da cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará”. Ao entregar-lhe o prêmio, Astênio o chamou de “gênio”, o que escutem os austríacos lá no frio de Salzburg para saberem que, aqui, no calorento coração das nossas terras, também nasce “Mozart menino”.  

Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 23/08/2012
Alterado em 23/08/2012


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