Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


 
Às Vésperas do Natal
 
       A arma, antes de ser defesa, é ataque. Não havendo arma, não haveria ataque, e consequentemente ninguém precisaria se defender... Por isso, fiz campanha e votei contra a fabricação de arma.  Aliás, ninguém compra um lápis, se não para escrever; um sapato, se não para calçar; um livro, se não para ler; então, um revólver ou um rifle, se não para atirar; não apenas demonstrando pontaria, mas conclusivamente matando. Quem vive se preparando para isso e não pratica se frustra. Daí, comprar arma, treinar tiro e andar armado causam ansiedade e desejo de cumprir a finalidade do revólver cujo desfecho é mortal, assim são casos do suicídio ao genocídio. Também por isso, às vésperas do Natal, a mídia alardeou que, no paraíso das armas, onde inventam, aperfeiçoam e produzem armas, um indivíduo, feito o tresloucado Herodes, saiu atirando e matando crianças na escola, dentre as quais escapou uma brasileira. Por lá, isso vem acontecendo de rotina.  
                                                                                                                                                                              A atração e a vontade pelo inusitado parecem ser curiosamente ímpeto de alguém, geralmente sem muita importância, para mostrar que existe; de alguém que pretende demonstrar poder e capacidade de realizar grandes coisas e, sendo incapaz, realiza grandes coisas negativas... Como o feito do grego Heróstrato, em Éfeso, que incendiou o templo de Artemis; perguntado por que ateou fogo naquele lugar sagrado, ele se justificou necessitar de ter fama. E assim, há muitas “celebridades” que são famosas pela prática de atrocidades; e quanto mais provocam horror, maior fama obtêm do nosso espanto; como o holocausto praticado pelo nazismo... Herodes, o rei da Judeia, para evitar que surgisse algum pretendente ao seu trono, ordenou decapitar pela espada todas as crianças, encontradas nas ruas ou nas suas casas, com menos de dois anos de idade para matar pela raiz a vinda do Messias.
     
       Às vésperas do Natal, como Herodes, há quem negue existência a Cristo; uns sendo completamente indiferentes a Ele; outros o substituindo por perus assados, bebidas, chocolates, viagens, joias e cultos às compras com ouro, incenso e mirra, louvando o efêmero e as coisas passageiras deste mundo. Desfrutar dessas coisas é recomendável, como em Paulo: “Provai de tudo, e ficai com o que é bom” (1 Tes  5, 21); mas também: “Tudo é vosso; vós, de Cristo” (1 Col 3, 22), inclusive a morte e a ressurreição. No entanto, estamos às vésperas do Natal.    
 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 18/12/2012
Alterado em 20/12/2012


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