Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos



Teu e meu, o nosso patrimônio
 
          Jornal, televisão e rádio hão dado ênfase ao mau trato recebido pelos monumentos, logradouros, casarões e construções antigas que representam as gerações passadas e, por isso, o chamado “Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba”. É ele que nos situa, no tempo e no espaço, em tudo que passou. São bens culturais, objetos daquilo que é histórico. 
 
          O maior patrimônio que nos é legado é o “meio ambiente”, nosso hábitat, porque ninguém vive sem ele; constitui-se dos recursos naturais que nos propiciam o topos da nossa sobrevivência: ar, água, rios, mares, peixes, correntes e quedas d’água que geram força e energia, indispensáveis à eletricidade sadia . No calor ou no frio, no trabalho, no lazer ou no hospital, imaginemos ficar “sem luz”, durante 72 horas... Com muito menos tempo, os apagões têm sido insuportáveis, e até, por poucas horas, “a falta de luz”.  Além do ar e da água, esse “meio ambiente” acolhe outros animais, árvores que nos alimentam e servem de matéria prima para nossos móveis e para construção das nossas casas; se,  em consumação  sem equilíbrio, também se imagine um planeta sem árvores... 
 
          Sem querer hierarquizar esses valores, também muito importante para o homem é o patrimônio do seu conhecimento, do saber e do saber fazer; a partir dos bens não tangíveis que se chamam de “patrimônio cultural”, é que se  compreende a capacidade demonstrada da nossa sobrevivência. Nesse sentido, vi, com respeito, a significativa simplicidade da “pedra polida” (10 000 a 5000 a. C), no Museu do Homem, no Trocadero, em Paris.  Ela, tão importante para a história como as mais sofisticadas máquinas que hoje rastejam em Marte. 
 
          Enfim, é disso de que tem mais falado a imprensa: do patrimônio que está prestes a ruir, a desaparecer, que vem sendo fragorosamente demolido, não pelo tempo e pelas intempéries, mas pela ação devastadora do apenas “ganhar dinheiro”; pelo planejamento de deixá-lo sem manutenção até perecer, o que chamo de “demolição por abandono”.  Esses bens patrimoniais são memória de onde e de como vivemos para saber como e onde vivemos e viveremos.  Imagine o caro leitor perder sua memória, sem saber onde, quando e como foi o que aconteceu; sem conhecer as pessoas ou o que ele próprio fez. Por isso, todos evitamos sofrer do “mau de Alzheimer” ou, como diagnostica o povo, “caducar”. Perder sistematicamente nossos bens patrimoniais é estar acometido da perda da memória coletiva. 
 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 24/01/2013
Alterado em 26/01/2013


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