Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos



                 Celulares terão tarifa única
 
          A tecnologia tem trazido rapidez às nossas atividades, comodidade, mas também constrangimentos e, muitas vezes, dissabores. O celular, telefone móvel, é dessas coisas. Antes, o marido se interessava em “voltar pra casa” para conversar com a mulher; agora, de onde estiver, de qualquer lugar da estrada ou da cidade, cavaqueia com a esposa no lar, que já não o espera como outrora...  Há episódios em que o celular é providencial, como o do sequestrado, numa mala de carro, de onde ele denuncia o sequestro.  Ou nos desencontrados compromissos, quando sempre se recorre ao celular, culpando, por atraso ou ausência, o trânsito, um imaginoso acidente ou alguma repentina obrigação.

           Vez ou outra, em casamentos, filas de banco ou andando pela rua, vê-se “cidadão de bem”, saracoteando com as mãos como se estivesse se coçando ou procurando formigas no corpo; é simplesmente um dos quatro celulares tocando num dos seus bolsos.  Anda, coitado, com roupa que parece um bisaco para não pendurar seus telefones no cinturão e escondê-los do menor assaltante... Interrogado o porquê de tantos aparelhos, ele se explica: “Um telefone para cada chip. Minha mulher é “Ai”; meu filho, Alvo; alguns amigos, Pim e o meu sócio, Vivaz. Se telefonar para alguém com linha diferente da minha, pagarei mais, muito mais, triplicarão a conta...” Quando se pergunta qual é a empresa do seu celular, resignadamente ele responde: “Eu sou as quatro... Mas, fazer o que?”

          Na verdade, vergonhoso é o Governo atribuir esses seus serviços, em forma de concessão, a interesses de terceiros e fechar os olhos ao povo, vítima dessas espertezas. Ora, que obrigação temos nós de sair por aí a convencer a quem quisermos ligar e todos da nossa agenda para que usem a mesma linha que usamos? Isso cabe à empresa. Mas, se não fizermos assim, pagaremos tarifas bem maiores do que a consentida.  Para nos iludir existe o truque de vários planos; cada um com vantagens e desvantagens, com complexas explicações do contrato para perambularmos nesse labirinto. Quando bastaria um só plano: ter aparelho de qualquer marca e telefonar à linha de qualquer empresa, pagando tarifa única e controlada pelo Governo, já que tal serviço é de sua responsabilidade.  Enquanto houver essa exploração, o povo se sacrifica, andando com bolsos cheios de celulares e, em contrapartida, vazios de dinheiro. Se Deus quiser, celulares terão tarifa única!

 
 
 
 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 14/06/2013


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