Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos



                           Palavras aquém dos sentimentos...

          Há coisas que não se explicam pelas palavras porque suas motivações se escondem na inveja ou numa doentia vaidade e porque furtivamente não se pronunciam, às vezes, ditas ao contrário dos fatos para dificultarem a verdade; encorajam-se com o “incredibile dictu” numa diatribe falaciosa, aparentemente correta, mas com premissas falsas, sendo logicamente um argumento não válido. Já explicava Aristóteles que do bom só sai o bom; do verdadeiro, o verdadeiro, mas, do falso conclui-se tanto o falso como formalmente o verdadeiro...  Nessa campanha política tenho observado coisas dessa natureza; diria: também em outras campanhas e fora delas... A correção mais utilizável seria já argumentar com sentenças informativas, comprováveis pelos fatos, daí reafirmar-se: “Contra factum, argumentum non datur” (Contra fato, não há argumento). Os pretendentes, no caso, apresentariam suas histórias, seus feitos, o que prometiria o quanto seriam capazes de fazer ou de continuar fazendo...
          Não há como ensinar a beleza de uma flor, a de uma sinfonia de Beethoven ou de José Siqueira, a de uma escultura de Michelangelo ou J. Maciel, a de uma pintura de Leonardo Da Vinci ou de Flávio Tavares. Porque não há pedagogia que ensine beleza que vai além das palavras. Contudo, acontecem explicáveis críticas que rejeitam ou repulsam tais belezas... Teoricamente a Filosofia aprofunda esse assunto através da Estética, da Lógica e da Teoria dos Valores. Mesmo assim é difícil, ao se tentar ensinar a sentir solidariedade que, enquanto sentimento, torna-se indizível; já o não ser solidário, fruto da má vontade, pode ser muito bem explicável.
         Há quem se arvore a ensinar como se sentir diante da beleza, quando isso não é um conhecimento, mas um sentimento... O que for dito, nesse sentido, será sempre depoimento pessoal, às vezes presunçoso, partindo da subjetiva emoção diante do objeto sobre o qual o sujeito parcialmente opina ou engana-nos sobre o todo; mesmo quando essas opiniões se somam, o seu maior quantitativo não substitui  ou  contradiz o qualitativo; não se adéqua à sentença de juízo, mas apenas à sentença subjetivamente valorativa.  A amante, ao afirmar que seu amante é lindo, expressa apenas sua apreciação, mas nunca deverá deliberar que tenhamos igual sentimento. Enfim, o sentimento nunca obedecerá a um “Ordinário! Marche!” e jamais alguém poderá determinar a outrem sentir-se solidário, nem tampouco sentir a beleza.  A solidariedade se origina do sentimento espontâneo e puro, sai da alma como se fosse água da fonte, cristalina. 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 28/08/2014
Alterado em 29/08/2014


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