Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


                                                   
                                    Epitácio Pessoa, o homem

                Se perguntássemos às crianças pessoenses quem é Epitácio Pessoa, a maioria responderia: “É uma rua comprida que vai para o mar”. Já, em todas as recentes homenagens prestadas a Epitácio, os discursos repetiram: “Epitácio Pessoa é o paraibano que ocupou os três maiores poderes do país!”, destacando um dos prazeres artificiais, criado pelo homem: o poder. O filósofo Epicuro, com discernimento, distinguiu os prazeres naturais do que é prazeroso apenas motivado pela vaidade humana. Contudo, a sociedade demonstra que só se organiza, se alguém tomar a iniciativa de organizá-la, de manter a ordem na sua estrutura. Segundo Auguste Comte, a fisiologia da estrutura social funciona, por analogia, como a estrutura e a fisiologia orgânicas. Então, precisa-se de um dirigente para organizar multidões, filas do pão, da água, da moradia, de tantas necessidades, e, sobretudo, da luta pelo direito. Falta-me crer que o “laissez-faire” do anarquismo resolva eventuais desordens, tampouco a desorganização gerada pela inveja, pelo egoísmo, como é o caso da corrução. Ora, tais males são o pior da animalidade humana, em razão do homem ter liberdade e capacidade de praticar o mal, com a astúcia da inteligência e com o requinte do raciocínio.
 
           Conclua-se que Epitácio Pessoa possuía qualidades humanas, virtudes do civismo e da cidadania, bem mais exemplares do que apenas o poder três vezes soberanizado. Conta-se que, no Porto do Capim, havia inofensivos cavalos pastando; mas, também ofensivos homens prometendo a Epitácio construir um porto. Distante, no Rio, Epitácio acreditou em falsos fotos do porto projetado; enganado, avalizou que, aqui, estivessem construindo cais, dragagens e escavações à troca de recursos para o pretenso porto. Ainda hoje, no “Porto do Capim”, jazem restos dessa vergonhosa corrução...

          Com honra e altivez, o homem Epitácio se envergonhou e jamais quis ver essa depravação, cinismo daqueles “homens do poder” que surripiaram o erário público. Também, há tempos, constata-se que a ganância que procura, a todo custo, o poder é a mesma que ambiciona a riqueza... Quanto ao poder, Epitácio Pessoa sempre se mostrou desinteressado; diz sua biografia que, estando no exterior, foi convocado ao Brasil para ocupar a Presidência da República... Agora, o Governo do Estado, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, a Academia Paraibana de Letras e outras instituições congêneres resgatam a maculada dignidade dos paraibanos enquanto homenageiam esse homem, descrito como extraordinário em “Epitácio Pessoa: força e sentimento”, de José Américo de Almeida. 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 29/05/2015
Alterado em 29/05/2015


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