Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


                              O Trevo das Mangabeiras

          Imagine a angústia: Você trancado num carro, isolado pela chuva, e o carro trancado no trânsito. Já vi essa cena em filme felliniano...  Trânsito? Transitar significa passar, ir longe ou aonde você precisa ir. Assim, você também se imagina, com os dos outros carros, dentro de uma garrafa a esperar sua vez de passar pelo gargalho, como se fosse incômoda prisão de ventre urbana.  E quando você necessita de ter pressa, então isso se torna tortura...  Já sofri isso, em Paris,  a caminho do Aeroporto Charles de Gaulle para pegar o avião; avisos vermelhos acenderam: "Bouchon!". Os franceses, em vez de engarrafamento,  denominam  congestionamento de "rolha", comparada à cortiça que não deixa o vinho respirar... Daí a inaceitabilidade dos protestos planejados para bloquearem a via pública, impedindo seu direito constitucional de "ir e vir", fechando o único caminho que você, inocente vítima de tal  manifestação, usa para seu urgente destino.

          Na nossa cidade, havia permanente bloqueio porque a passagem era apertada.  Chegando ou saindo de João Pessoa, indo ou voltando do trabalho,  dirigindo-se ao norte ou ao sul, ao mar ou ao rio da cidade, telefonava-se para casa: "Vá jantando, estou preso na entrada de Mangabeira. Bafômetro, não, uma fila enorme. Nem tão cedo..."  E em cada cidadão crescia a vontade de gritar contra esse crucial problema da reparável  mobilidade urbana.  

          Faça-se justiça! Em tempo de crise,  sem alarde, num incessante trabalho, entregando, em agosto, à população pessoense e à do interior, obras como estradas, escolas e o Centro de Convenções, honrando em dia pagamentos, especialmente o dos servidores públicos como me comentou Gonzaga, Ricardo transforma  a estrada estreita em larga, quebra a garrafa do engarrafamento, desobstrui a passagem para você chegar aonde você quer chegar...  Enfim,  é esse o Trevo das Mangabeiras que verifiquei, numa noite de chuva, de festa, bonito, iluminado e, daqui pra frente, abrindo espaçosos caminhos... 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 04/09/2015
Alterado em 04/09/2015


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