Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


                            Ivan Bichara Sobreira

          O “Antes que me esqueça”, de José Américo, serve a quem não quer perder a memória dos seus valiosos acontecimentos, fatos, ocorrências ou preciosas circunstâncias da vida e dos vultos e das  pessoas ilustres que conviveram conosco ou que fazem parte da nossa remota ou da mais recente história. É a caminhada de quem disse, poeticamente, o dever cumprido, em Quarto Minguante: “Já escrevi minha história / Já fui trunfo, já fui astro / E hoje minha trajetória / É simplesmente esse rastro.” Refere-se, sobretudo e também, ao confrade na APL, político e escritor, Ivan Bichara Sobreira. É dele que a Academia Paraibana de Letras e a Fundação Casa de José Casa de José Américo, associando-se ao povo paraibano e cajazeirense, sob a liderança do seu admirador e conterrâneo Professor Francelino Soares, comemoram o seu primeiro centenário.
          Faz cem anos que viveu entre nós Ivan Bichara, brilhante, mas com sua edificante discrição no demonstrado discernimento do seu “saber saber”, o que se sinomiza não só com a sabedoria no campo do saber; mas também com a decência, no da ética e, finalmente, com a sensatez, em ações equilibradas,  no do “saber fazer”. Foi um paraibano que nasceu com a anima intellectualis, da qual nos fala o filósofo Platão, na sua obra, A República. Duplamente “alma intelectual”: a de poeta escritor e a de dirigente e homem público, no desempenho da arte de governar. Ivan Bichara nada tinha da anima irascibilis ou da concupiscibilis; era sereno e desinteressado no mundo dos negócios... Daí dignamente feliz, sem acúmulo de riquezas. Por princípio, sempre desejou mais ser do que ter ...
          Escreveu o suficiente para se constatarem a suavidade dos seus textos, a beleza das suas imagens e a adequada proporcionalidade das suas comparações, chegando a produzir crônicas, ensaios, dos quais se destaca “O romance de José Lins do Rego” (1971); e quanto os romances: Carcará (1984), Tempo de servidão (1988) e Joana dos Santos (1995). Como se verifica, as datas das suas obras são muito próximas à da sua morte, em 11 de junho de 1998, no Rio de Janeiro. Seu casamento com Dona Mirtes de Almeida muito o aproximou do exemplo de José Américo de Almeida. E ambos lamentavam o tempo que dedicaram às atividades políticas e ao serviço público, que lhes diminuíram horas e dias às suas ricas potencialidades literárias. Mas ganhamos nós por termos tido, no cenário legislativo e executivo, homens políticos como eles: competentes, probos e eticamente inatacáveis. Ainda muito se haverá de falar sobre Ivan Bichara.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 11/05/2018


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