Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos

METAMORFOSES INSTANTÂNEAS


Damião Cavalcanti

Ser teu pão, tua comida,
Teu teto, tua dormida,
Sou teu vinho, também a taça.

Dos teus risos a tua graça,
Obediente teimosia,
Sou teus versos, tua poesia.

Sou o feno do teu ninho,
O vôo dessa garça
Ou estradas do caminho.

Os pés da longa ida,
O adeus da despedida,
Tua porta e tua chave.

Preocupação com a idade,
A teimosa obediência,
Sempre a vida, nunca a morte.

Ser tua pele, tua ferida,
O pecado e a virtude,
A água que te limpa.

Tua simples vaidade,
Tua roupa, tua nudez,
O costume e a saudade.

A partida e a chegada,
Abundância e carência,
Repentinas retiradas.

A ilusão de sempre ter,
Ontem, hoje e no amanhã,
Meditação ao entardecer.

Sou abraço e separação,
Quatro mãos para dar
E duas para receber.

Ser tua dúvida do existir,
A vontade de sempre ir
E a liberdade de querer ser.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 10/03/2010


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