DAS BOAS SEMENTES, BOAS ÁRVORES
Das boas árvores, os bons frutos. As páginas das Sagradas Escrituras são um pomar de árvores, uma provisão de frutos e um celeiro de sementes. Pródigas em analogias, metáforas que nos comparam à beleza e finalidade dessa natureza, que é a árvore e são as sementes. O ser humano deveria conscientizar-se dessa comparação. E o restante da natureza, de onde parte a ideia principal e analogante de ser árvore e semente? Será que a semente do girassol precisa saber que é semente de girassol para germinar como girassol? Na natureza, somente os humanos desvirtuam o sentido da sua existência, por isto necessitam de se perguntar o que eles são e para que existem. Há quem seja semente de girassol, mas deseje ser semente de soja e, ao mesmo tempo, de mamona, ou, mais habitualmente, inveje certas árvores, seus frutos, suas copas, suas raízes, à procura de ter sido outras sementes das quais não se originou.
Belo exemplo nos dá a natureza, o que nos aclara o poeta Pablo Neruda no poema “Esto es sencillo” (Isso é simples): “Muda é a força [me dizem as árvores]/ e a profundidade [me dizem as raízes]/ e a pureza [me diz a farinha de trigo]. / Nenhuma árvore me disse: sou mais alta que todas./ Nenhuma raiz me disse: Eu venho do mais profundo/. E nunca o pão me disse: Não há nada como o pão.” Compararmo-nos com o outro para desejarmos ser o que o outro é, e nós não somos; querermos ter o que o outro tem e não temos é imolar-nos na inveja. Por que não nos compararmos com nós mesmos? A consciência e a aceitação de nós mesmos é o terreno mais fértil para que, enquanto sementes, germinemos e nos façamos felizes.
Para finalizar e não dizerem que não falei das sementes e das nossas limitações, relembro o saudoso Henfil: “Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente”. A maior das boas intenções é aceitar-se como se é e poder transformar-se para melhor. Assim, onde houver semente haverá boa colheita.
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Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 13/05/2010
Alterado em 20/06/2010