Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


 

                       TERAPIA DA PALAVRA 

         Domingo, a bela reportagem de Rebecca Ricarte, nas páginas deste Jornal, revelou-nos “uma técnica havaiana” em que nos assegura: “palavras de amor podem curar”. E curam mais do que as de ódio que só nos trazem mazelas. As palavras, se de efeitos positivos ou negativos, carregam energia, sobretudo quando apaixonadas, significativas e sinceras. Algumas representam valor maior do que outras.  Não se compara a palavra ‘liberdade’ com a corriqueira ‘sapato’, nem ‘amor ‘ com ‘ilusão’. Embora haja quem se habitue à corriqueirice: descreve como acordou, que se levantou da cama, detalha o café da manhã, e aí vai,  que comeu cuscuz com ovo frito e apenas um “por causa do colesterol”, assim por diante, um palavrório infindo, sequencial do óbvio, de assuntos desinteressantes, até dormir de novo.  
        Sócrates recomenda só falar palavras “verdadeiras, boas e úteis”. Quem pensa comunica coisas interessantes. Daí, sempre pensar, antes de falar. Segundo a terapeuta, “Ho’opon opoho” é a palavra mágica, de eficácia, se for entendida. Mas, a reportagem não deixa a desejar, acrescenta o “saiba mais” de que tanto se tem utilizado a imprensa: “Ho’oponopoho significa amar a si mesmo, em havaiano. ‘Hoo’ significa ‘causa’ e ‘ponopono’ significa perfeição”. Concordo que é saudável amar a si mesmo, mas a perfeição do amor está em amar os outros, síntese das palavras de Cristo, o “novo mandamento”.
        Enfim, a citada terapia consiste em pensar coisas positivas, mesmo diante de coisas negativas, o que deveria ser aplicável a quem só nos traz má notícia; além da aconselhável reação de assimilar essas inevitáveis negatividades com palavras que se relacionam ou se correlacionam com o amor. À parte o nominalismo ou o realismo a que nos induzem as palavras, antes de qualquer palavra de amor, há maior eficácia nas ações de amor. A exemplaridade de quem ama, mesmo em silêncio, fala mais alto do que a palavra. Contudo, neste mundo de violências, reconforta-nos ler a necessidade da linguagem do amor para a cura do homem, caminho para a humanidade avançar no bom sentido, no destino de um mundo melhor. Porque a humanidade será sempre o que for o amor humano.  


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Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 13/06/2010
Alterado em 19/06/2010


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