PSICOGRAFIA DE FERNANDO PESSOA
OU
FINGIR SEM FINGIMENTO
Fingiu sem fingimento
Alegria de ser poeta,
Supondo com tormento,
Alívio de um esteta...
Simulou sentir a dor,
Gemendo como artista,
Odiou de tanto amor,
Viu tudo ao perder de vista.
Escreveu tantos poemas,
Sonetos, belas poesias,
Como musa a verdade,
Espontâneas sinceridades,
Ensaiadas hipocrisias.
Cantou livre como escravo,
Acorrentou-se de senhor,
Vôo leve imaginário,
Sonhou realistas nuvens.
Tão impuro de candor,
Tão puro como ator
Deu rosa sendo cravo
À segunda namorada.
Foi preciso navegar,
Numa nave ensejada,
Em terra remou o mar.
Foi eterno num momento,
Ao fingir com sentimento,
Ser a vida para amar...
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 20/09/2010
Alterado em 11/01/2016