Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos





AMORES NÃO DITOS

Sepultaram assim
Seus restos mortais,
Cheia de morte,
Cheia de flores,
Cheiro de flores,
Vindas do campo.
No meio das flores,
Sorrisos e lágrimas,
Cochichos e falas,
Dos amados amantes,
Que a fizeram feliz.
Trouxeram também
Sua ama Joaquina,
Que, saindo de casa,
Se fez meretriz.
Cheia de morte,
Partiu para sempre
A querida Dolores,
Carregando as flores,
Colhidas no campo,
Um terço entre os dedos,
Contou sempre neles
Seus vividos amores.
Não ofendendo a ninguém,
Guardou seus segredos,
Sofreu o silêncio
Desse seu desvelo
De amar doze amores.
Morreu entre nós
Mais uma Dolores.

 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 27/12/2010


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