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Pesquisa: eleitoral ou eleitoreira?
No mercado de peixe, vi algumas bacias daquelas usadas em banheiros sem chuveiro cheias de camarão. Em cima, entre pedrinhas de gelo, camarões graúdos, até condizentes com o preço e convincentes à compra. Em baixo deles, camarões médios e, sob estes, os miúdos. Os camarões graúdos, em cima dos escondidos, me diziam bem o que seja uma amostra tendenciosa daquele conjunto de camarão. O vendedor, na hora de pesar, tirava muito mais camarão de baixo do que de cima... O mesmo sucede quando a pesquisa é feita, sob encomenda, para convencer o eleitor de “quem ganhará a eleição” e, não para retratar a realidade da preferência dos eleitores. O vendedor da pesquisa, desprezando sua reputação, arranja resultados que não correspondem à totalidade do conjunto daqueles que irão votar. Mas há muitas empresas sérias e honestas nesse assunto, realizando seriamente a pesquisa, sem burlar a coleta da amostra desse argumento indutivo. Porque de premissas burladas, burlada conclusão.
As pesquisas sérias e corretas são aquelas que, ao serem uma “generalização estatística”, não se fundamentam numa amostra tendenciosa ou insuficiente, mas procuram, com rigor lógico, a amostra representativa de todos os eleitores sobre suas intenções de votos, levando em conta todos os bairros, ruas, faixas etárias, sexo, níveis de instrução, profissões, poder aquisitivo, classes sociais, “et cetera”; obedecem à regra: “quanto mais representativa e maior for a amostra, maior será a probabilidade do argumento ser verdadeiro”. Só assim é possível se obter uma conclusão fidedigna sobre o todo a partir de uma pequena parte do eleitorado. Tenho relatório da eleição vitoriosa de François Mitterrand à presidência da França, quando concorreu com Giscard d’Estaing; as pesquisas mudavam de acordo com as mudanças da realidade eleitoral. Mas, a última pesquisa foi, exatamente, até em frações decimais, igual aos percentuais dos votos encontrados nas urnas. Eis um dos fatos balizadores de que a pesquisa, quando criteriosa, ela é respeitável , crível e acreditável.
Nas rádios e nas televisões, apregoa-se contra pesquisa, geralmente em defesa de um candidato no páreo, alegando-se pesquisa mal feita, com a generalização falaciosa: “Ah! Pesquisa? Vale nada”. Considerei risível o jornalista que, criticando a validade da pesquisa sobre a preferência a candidaturas para prefeito da nossa cidade, minutos depois, citando resultados de uma pesquisa, elogiou a audiência da sua emissora e a preferência ao seu programa...
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 07/06/2012
Alterado em 11/06/2012
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