Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos


Joacil e a Academia de Letras
 

          Há homens que ocupam com muita presença e eficiência o espaço que lhe destina a história, mesmo em várias e variadas circunstâncias da vida. Nenhum maior exemplo disso do que Joacil de Brito Pereira. Estivesse ele no quotidiano da sua vida ou em circunstância política, jurídica ou, de forma mais ampla, cultural, agia com sucesso. Tudo isso fazia com muita dedicação, empenho e obstinação para atingir o objetivo que ele traçava. Coerente com o que pensava, defendia suas ideias de modo destemido e combativo. O meu sogro, Tenente João de Luna Freire, contava-me como o jovem político Joacil enchia de sua presença ruas e praças de Guarabira com a sua eloquência, discursando nos palanques dos embates partidários.
  
          Retirando-se da vida política, dedicou-se mais ainda ao estudo do direito, da literatura, o que o fez um brilhante orador. Não se perdia entre suas belas frases, dando entonações à loquacidade que se parecia com a musicalidade de uma canção; quem discordasse do que ele dizia concordava com a forma como era dito... De saber falar bem para escrever muito bem foi apenas um passo facilitado pelo hábito. Pois, fascinado pelo mundo das letras, tornou-se inveterado frequentador, membro participativo e inesquecível Presidente da Academia Paraibana de Letras. Sua gestão conduziu a APL, durante dez anos, com dedicação e esmero, nutrido de energia para superar difíceis batentes, realizando um trabalho cujas lembranças são revividas em cada ambiente da APL cujos acadêmicos confrades devemos pronunciar seu nome com respeito e gratidão.

          “- Senhor Presidente, venho a Vossa Excelência como membro da Ordem Mendicante, para recorrer à Funesc, essa egrégia Fundação e solicitar o que me foi negado em dezenas de portas em que bati”. Sorri e disse-lhe que conhecia bem as ordens mendicantes, mas que nenhuma delas pedia caridade por meio de pedintes tão elegantes. Tratava-se do Encontro Regional dos Presidentes das Academias de Letras estaduais, a que faltavam três dias e como hospedar os convidados, como ele fora tratado onde se promoveu tal encontro. Li o seu ofício, de pronto escrevi: autorizo; Joacil comentou que fui “peremptório” e que partindo dali teria conseguido o ”almejado”: reunir as presidências das academias nordestinas. Assim era Joacil: não recuava diante de qualquer dificuldade, mesmo quando elas pareciam impossíveis, pois mais impossível era Joacil desistir. Assim ele faleceu, pode ter morrido, mas o imortal Joacil de Brito não desistiu de viver...

Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 30/08/2012
Alterado em 30/08/2012


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