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Se Jefferson fosse Antonio
Luiz Antonio Teixeira, de 25 anos, sofreu ataque cardíaco fulminante, ao assaltar, ao lado de um comparsa, frentistas do Posto de Gasolina Quality, na Avenida Henrique Peres, no Distrito de Braz Cubas, do Município de Mogi das Cruzes. O cúmplice tentou acordar o ladrão, mas, atônito, talvez diante do sobrenatural, abandonou o cadáver do colega nos paralelepípedos sujos de gasóleo e fugiu meditativo com medo de enfartar. Os assaltados carregaram o corpo do assaltante para lugar apropriado, terminando, sem alguma reação, nos braços da polícia que, por sua vez, levou-o para o IML. Em depoimento, a mãe de Antonio revelou que, desde criança, o filho sofria problemas de coração, o que fez circunstantes acreditarem que o destino do ladrão era o de não escapar daquele predestinado castigo.
Ah! Se Jefferson Luís fosse Luiz Antonio, no momento em que seus braços “bombados” começaram estrangular a frágil e inocente Fernanda Ellen... A jovem não morreria; chamaria o pai ou o avô para cuidar do falecido, como pretendeu para pedir o dinheiro exigido pelo criminoso para comprar droga; não aconteceria o crime hediondo; outros criminosos teriam o mal súbito como exemplar advertência; os revoltados não se insurgiriam contra o escândalo, clamando fazer justiça com as próprias mãos ou aplicar a pena de morte; o enfarte evitaria Jefferson cometer outros crimes. Enfim, não haveria roubo, nem defesa própria, nem assassinato, pois, antes de cometer tais atos, o agente seria eliminado no ato e, de pronto, punido por si mesmo, existindo Justiça apenas para discernir a ação boa da delituosa.
Mas, a Providência preferiu nos dar a liberdade de optar entre o bem e o mal. Caso contrário, como avaliar a boa ação sem a possibilidade de errar? Seríamos prisioneiros desse “condicionamento” e a boa conduta nada valeria sem a existência da liberdade. Quando o caro leitor não mata, essa opção tem valor porque justamente você poderia matar e não o fez... Isso é esquecido quando estamos motivados pelo horror do crime, o que faz voltarem à tona a exigência da pena de morte e o fervor da vingança. Vendeta não deve ser o espírito de quem julga a má ação, nem de quem pratica, em circunstâncias emergenciais, a defesa própria. A Justiça jamais deverá ser vingança. O ditame do “olho por olho, dente por dente” propicia ao injusto, conforme sua emoção, arrancar o olho de outrem...
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 18/04/2013
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