Celulares terão tarifa única
A tecnologia tem trazido rapidez às nossas atividades, comodidade, mas também constrangimentos e, muitas vezes, dissabores. O celular, telefone móvel, é dessas coisas. Antes, o marido se interessava em “voltar pra casa” para conversar com a mulher; agora, de onde estiver, de qualquer lugar da estrada ou da cidade, cavaqueia com a esposa no lar, que já não o espera como outrora... Há episódios em que o celular é providencial, como o do sequestrado, numa mala de carro, de onde ele denuncia o sequestro. Ou nos desencontrados compromissos, quando sempre se recorre ao celular, culpando, por atraso ou ausência, o trânsito, um imaginoso acidente ou alguma repentina obrigação.
Vez ou outra, em casamentos, filas de banco ou andando pela rua, vê-se “cidadão de bem”, saracoteando com as mãos como se estivesse se coçando ou procurando formigas no corpo; é simplesmente um dos quatro celulares tocando num dos seus bolsos. Anda, coitado, com roupa que parece um bisaco para não pendurar seus telefones no cinturão e escondê-los do menor assaltante... Interrogado o porquê de tantos aparelhos, ele se explica: “Um telefone para cada chip. Minha mulher é “Ai”; meu filho, Alvo; alguns amigos, Pim e o meu sócio, Vivaz. Se telefonar para alguém com linha diferente da minha, pagarei mais, muito mais, triplicarão a conta...” Quando se pergunta qual é a empresa do seu celular, resignadamente ele responde: “Eu sou as quatro... Mas, fazer o que?”
Na verdade, vergonhoso é o Governo atribuir esses seus serviços, em forma de concessão, a interesses de terceiros e fechar os olhos ao povo, vítima dessas espertezas. Ora, que obrigação temos nós de sair por aí a convencer a quem quisermos ligar e todos da nossa agenda para que usem a mesma linha que usamos? Isso cabe à empresa. Mas, se não fizermos assim, pagaremos tarifas bem maiores do que a consentida. Para nos iludir existe o truque de vários planos; cada um com vantagens e desvantagens, com complexas explicações do contrato para perambularmos nesse labirinto. Quando bastaria um só plano: ter aparelho de qualquer marca e telefonar à linha de qualquer empresa, pagando tarifa única e controlada pelo Governo, já que tal serviço é de sua responsabilidade. Enquanto houver essa exploração, o povo se sacrifica, andando com bolsos cheios de celulares e, em contrapartida, vazios de dinheiro. Se Deus quiser, celulares terão tarifa única!