Damião Ramos Cavalcanti

Enquanto poeta morrer, a poesia haverá de viver

Textos



O Museu de Galante
 
          O major João Correia, bisavô de Marconi, chegou antes dos trilhos, do trem, e assim iniciou o povoado de Galante: o Major com suas plantações, seus animais com a vegetação rasteira, característica comum àquelas terras do agreste acatingado. Fora os telhados da sua casa e os dos casebres dos moradores, havia apenas o da Igrejinha, sob o qual um padre vindo mensalmente de Campina Grande celebrava missa e rezava novena.  Foi quando, em 2 de outubro de 1907, inaugurou-se a Estação de Trem até hoje utilizada como ponto final do “Trem do Forró”  que leva e traz  turistas dançando apertados  a música nordestina.
          O então prefeito de Campina Grande, o empreendedor coronel Cristiano Lauritzen, de tanto tentar, conseguiu que a “Great Western” construísse a estrada de ferro de Itabaiana a Campina Grande. Colocaram dormentes nesse percurso difícil, inclusive para isso, levantaram a Ponte de Ferro, no Distrito de Guarita, do Município de Itabaiana, também chamada de Ponte Inglesa que, por sua beleza ,
diferente das pontes de madeira ou de cimento, destaca-se como construção de ferro, igual à engenharia da Torre Eiffel ou da Ponte da cidade de Porto, em Portugal; a do Porto cruza o rio Douro, a de Guarita, nas terras dos Sá, o rio Paraíba.

          Então a família Luna plantou raízes em Galante, fazendo da Estação de Trem o maior empreendimento local, dando emprego a muita gente, trazendo passageiros e algum comércio para aquela região campesina. A autoridade mais importante residente em Galante era o Agente da Estação; “dois agentes marcaram época: Francisco Vitoriano de Luna, casado com Herotides Meneses de Luna, e Moacir Barbosa Veiga Filho, com Antonieta Rodrigues Veiga”. Desses casais respectivamente nasceram, na Estação, Marconi Luna e Maria Luiza Luna, e Isabel Rodrigues e Moacir Rodrigues. O médico Marconi Luna estudou medicina em João Pessoa, onde conquistou amizades como a do seu saudoso tio Antonio de Luna Freire, Paulo Gadelha e ainda hoje o companheiro Francisco Remígio.  Atualmente no Rio, ele viaja sempre a Galante onde, com apoio de Marta, Rosalvo e do  prefeito de Campina Romero Rodrigues, também filho de Galante, organiza o Museu para a memória do seu tempo da qual se sobressai  a velha Estação Ferroviária, audácia campinense que sempre esperou locomotivas e vagões  subirem a Serra da Borborema. Essas antigas estações, que trouxeram e levaram história dessas cidades, são, em princípio, verdadeiros museus  abandonados...

 
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 25/03/2014
Alterado em 26/03/2014


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras
http://www.drc.recantodasletras.com.br/index.php