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O corre-corre acima dos cinquenta
O corre-corre do dia a dia tem nos alertado que se chega sem correr, sem estresse ou sem pressa para não fazer coisas imperfeitas, devendo refazê-las ou, o pior de tudo, fazê-las pela última vez na vida, quando se usa velocidade muito maior do que a das pernas, eventualmente caindo-se na ida ou na volta. Antigamente, o pedestre era único no Sistema de Trânsito, andar a pé percorria a média de 6,1 km/h, na faixa dos 55 anos; superior a essa faixa etária, a média variava entre 5,4 e 5,0 km/h; ainda hoje é assim, a natureza não aumentou a potência dos nossos cavalos de força (HP)... Então, desejando ser mais rápido, o homem montou no cavalo e, progressivamente, criou meios de transporte para “andar” mais rápido ainda, conforme a tecnologia que vem obtendo maior velocidade para viajar maior espaço, em menor tempo possível. No ar, os extremos disso são racionais porque, livres e desimpedidos de qualquer obstáculo, o avião não se choca com outro numa mesma trilha de voo ou não abate azarado urubu.
Na terra, o trem, que trafega em trilhos, em via férrea isolada, é o transporte de maior velocidade, como o TGV (Trem de Grande Velocidade) que atinge a máxima de 574 km/h, usando apenas 360 km/h e reduzindo a 15% dessa velocidade quando entra no perímetro urbano. Tenho escutado opiniões de apaixonados pela velocidade em confronto com a determinação da velocidade máxima de 50 km/h nas ruas conturbadas e avenidas congestionadas; desejam velocidade de auto-estrada, superior a do TGV quando trafega na cidade. O único argumento válido seria o de chegar logo, ora, saia antes... Inúmeras cidades, especialmente as metrópoles, há muito tempo, já tomaram a decisão do tráfego urbano não ser superior a 50 km/h; outras já planejam baixar para 30 km/h, avaliando o que se ganhou de tempo ao se evitar engarrafamento provocado por batidas, acidentes ou atropelamentos...
Imponha-se limite àqueles, vítimas da ansiedade, que fazem da via pública pista de corrida e também para ostentar seu carro, suas habilidades, correndo para não chegar, acidentando pais, filhos de família que estavam no caminho. Além de se evitar a tristeza de se ferir ou matar alguém, essa velocidade abaixo de 50 km/h economiza recursos públicos e particulares na área da saúde, diminuindo a ocupação dos poucos leitos hospitalares ou a frêmita sirena das ambulâncias que põe fim ao silêncio que nos acalma...
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 26/04/2014
Alterado em 26/04/2014
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