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Napoleão, o Laureano
Se cada indivíduo tem que participar da história, alguns poucos, como Napoleão Rodrigues Laureano, destacam-se nesse cenário, desempenhando exemplarmente seu papel. Não raramente, são homens que descobrem, na natureza, o espírito das coisas, noutro plano, o espírito do espírito e especialmente o espírito das pessoas, enfim, “ad eternum”, o próprio espírito... Assim, Napoleão possuiu essa extraordinária força, a serviço dos outros, que o moveu para longe, distanciando-o dos obstáculos, ao superar adversidades, incompreensões motivadas pela inveja dos que, ao seu lado, o observavam. A experiência ensina que fazer o bem também é invejado, lamentavelmente não com o intuito de imitá-lo, mas de impedi-lo...
Essa abnegação vem mais sendo impedida pelo ímpeto desenfreado do lucro, do dinheiro, das vantagens, que levam vidas humanas falecerem na calçada de hospitais fechando-lhes as portas... Nesse sentido, ressalto as palavras do generoso professor e admirador de Napoleão Laureano, o cientista Asdrúbal Marsiglia de Oliveira: “(...) Napoleão Laureano era um idealista; jamais deixou de atender um paciente porque não dispunha de recursos. Seu consultório atendia 80% dos pacientes, gratuitamente. O seu lado humano era perfeito de bondade, dedicada ao sofrimento dos outros. Após saber que era canceroso, procurou o presidente Getúlio Vargas para pedir-lhe um hospital de câncer na Paraíba. Ele foi o único responsável ideológico pela construção desse Hospital que, merecidamente, tem o seu nome”.
Transformou sua doença em saúde para os outros, tornando-se nacionalmente conhecido como um incansável batalhador contra o câncer no Brasil. Diferente de muitos políticos de hoje, ingressou na vida política com o objetivo de servir e potencializar condições para que seu trabalho, em defesa dos pobres, lograsse êxito. A partir de 1951, o jornal A União registra pioras e melhoras da saúde de Napoleão. Moribundo, sentia com tristeza seus últimos dias não alcançarem a dominação oncológica sobre uma doença que cresce, ceifando gente boa como Napoleão. Em 31 de maio, o jornal A União noticia a piora fatal: “Rio – Faleceu, às 20 horas e 20 minutos de hoje, o Dr. Napoleão Laureano”, apenas pediu para si: “Ajude-me a morrer tranquilo”... Há homens que nascem em terra fértil, sina da boa árvore, oriunda, desde a germinação, de extraordinária semente. Foi assim a criança Napoleão, caindo nesse mundo, na paraibana Natuba, de onde se arrastou e, depois, de pé, como se fosse domado pelo destino, caminhou sem cavalgadura num luminoso caminho, deixando-nos rastros que jamais serão apagados.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 01/08/2014
Alterado em 02/08/2014
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