Eleição: comparação e escolha
Ninguém escolhe sem comparação, sem a liberdade de comparar. Mesmo as coisas mais simples da vida: laranja, livro, batata, óculos, abacaxi, roupa, chapéu, sapato ou gravata. Ao existir apenas uma laranja no balaio, não haveria escolha porque não se possibilitaria comparação; o pior é se houver apenas laranjas estragadas... Enfim, quem vai comprar óculos obedece a receita do oculista, mas prova várias armações ou, como diz Gonzaga Rodrigues, diversos “aros” para se contentar com a melhor escolha. As mulheres têm fama de escolher suas vestes mais do que devem; mesmo após tê-las comprado, ainda repassam por todas as lojas já visitadas para esgotar completamente a vontade de comparar.
Nessa eleição, não se necessita de tanto, porém é preciso comparar porque o caro leitor estará diante de uma importante escolha; bem maior em importância do que a de frutas, roupas, verduras ou hortaliças, o que se escolhe, na feira, com tanto esmero. Haveremos de escolher quem irá legislar ou dirigir nossos destinos políticos e os serviços da administração pública durante quatro anos; não por quatro horas, quatro dias ou quatro meses! Também, se feita uma má escolha, pouco tempo será suficiente para, por muito tempo, retardar, prejudicar ou desorganizar a vida do nosso país, do nosso Estado, do campo ou das cidades. Tudo depende da comparação dos candidatos e, consequentemente, da sua boa escolha. Ainda existe quem troque a liberdade de escolher seus representantes ou governantes por efêmero benefício ou venda tal direito de escolha por alguns reais... Não sou de jogar praga, mas deveria acontecer um castigo divino a quem comprasse ou vendesse voto: repentino e fatal empobrecimento para o resto da vida, decorrente do pretérito dinheiro amaldiçoado...
As qualidades de qualquer coisa constituem também a sua finalidade. Seria completamente ilógico alguém que precisasse de um sapato estivesse a escolher um cinturão; ambos são de couro, às vezes da mesma cor, talvez com fivela, mas, com finalidades completamente diferentes... Isso demonstra que cada escolha se determina pela necessidade do objeto a ser escolhido, sua finalidade correspondendo à necessidade que motive a escolha. A que serve o cidadão sem língua para parlamentar ou incompetente para exercer o “poder legislativo”? Pior é escolher para o “poder executivo” candidato que não saiba executar, que não trabalhe ou nada realize... Tudo isso poderá acontecer quando não se faz a comparação de candidatos do que procede uma criteriosa e consciente eleição.
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 03/10/2014
Alterado em 04/10/2014