A violência das pistolas
No velho west , cultuava-se o revólver, como "fiel da balança" para se pôr fim a qualquer questão. Empunhava-se o revólver como se fosse a própria lei, ao se sacar com rapidez um 45. O suntuoso coldre parecia um sacrário do poder e da "justiça" em torno de que se fazia fetichismo. A personalidade do homem era a arma; veja que em Far West personagem desarmado é mero figurante... A sociedade, horrorizada, ressentiu-se com tantas mortes, já estava demais. No vizinho México, iniciou-se campanha para acabar a "pistolização". Em reação, como aqui, uniram-se os armados em defesa da arma e da sua desmesurada fabricação.
Peste de ratos não se combate com tanto veneno que nos ofenda ou faça de crianças e animais suas principais vítimas. Nem tampouco, mata-se rato com tiros de fuzil ou rajadas de metralhadora... Assim, nas circunstâncias políticas, a solução proposta é pior do que o problema... Com esse tirocínio, quando adquirimos um lápis, esse ato só goza de plenitude depois de escrevermos; uma roupa, depois de vesti-la; um revólver, depois de atirar. Pro ar?
Conscientes de que existem armas em abundância, corroboremos que onde há muitas pistolas há muitos pistoleiros. Além de pistoleiros, meninotes e jovens com arma achada ou roubada, enfiando o frio cano nos nossos ouvidos e exigindo pequenos pertences. Entregues relógio e telefone, recebe-se o disparo como "agradecimento". Houve plebiscito para se coibir a "fabricação de armas", mas a indústria armamentista entrou em ação: Comprou a mídia, os votos, e os pacatos perderam. Irrita-nos a diatribe de que os "bons" precisam andar armados, enquanto se reclama o pavor da violência à porta e dentro das nossas casas, das escolas, dos restaurantes, dos omnibus e logradouros públicos. Irracionalidade! Mas, o que esperar dos violentos, de suas animas irascíveis?
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 30/04/2016