A honestidade política
Nunca se ouviu falar tanto da relação entre moral e política, mesmo que o vento leve esse debate para longe, dificultando-nos uma solução definitiva. Até parece mais fácil encontrar mais aplicabilidade da ética noutras atividades humanas como nas relações econômicas, sexuais , profissionais ou, como se observou nas recentes Olimpíadas do Rio 2016, nas esportivas do que nas atividades políticas. Seria impossível o político discernir o lícito do ilícito? A própria Olimpíadas ou a Copa do Mundo quando entra na esfera política para se atribuírem a alguém a ideia, a iniciativa, a realização e o sucesso, usurpa-se o bônus desses eventos que, antes do sucesso, foram acusados de que seriam provocadores de caos socioeconômico. Se não é o povo que assim pensa e que assim diz, é ele que escuta de alguns políticos e assim repete...
Talvez seja por essa fragilidade popular que Hobbes, no Leviatã, induz a concluir que o povo não teria o direito de julgar o que é eticamente justo ou injusto, cabendo tal tarefa àqueles que exercem o poder. Se tal tese subsiste, o povo não seria capaz de distinguir o bom governo do mau governo. Mas o que dizer claramente diante de um bom governo? Desaprová-lo?
Escuta-se nas ruas o que insinua Jean-Paul Sartre, em As mãos sujas: Quem desenvolve uma atividade política não pode deixar de sujar as mãos (de lama ou de sangue)... Esta generalização reflete quem condena e decepa a árvore por causa de alguns frutos... Qualquer generalização, seja religiosa, ideológica ou político-partidária, é preconceituosa. Quanto necessitamos que esse povo, nas próximas eleições, saiba comparar, distinguir e "separar o joio do trigo"! Mãos ou fichas sujas há. Resta-nos procurar e escolher os que , pela sua história de vida, sem "monismo", sem reducionismo ou maniqueísmo de direita e esquerda, tenham tentado os caminhos da honestidade política.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 26/08/2016
Alterado em 26/08/2016