Das paternidades de Virginius
A Academia Paraibana de Letras, antes de completar seus 76 anos no dia 14 de setembro de 2017, arruma mais ainda sua bela casa "em taipa real" e já festeja outros motivos que aconteceram em torno da sua existência. Tornou-se um desses motivos Virgínius da Gama e Melo, ao liderar amor e dedicação às letras e à arte literária, em salas de aula, nos salões bordeleiros e no boêmio peripatetismo pelos bares da cidade.
Virginius , sem ser formalmente da APL, faz parte do seu corpo; no Jardim de Academos, entre patronos e confrades, estão os considerados da família: Os líderes paraibanos Assis Chateaubriand e Virginius, imortalizados pelo bronze. O primeiro, enquanto empreendedor do jornalismo, espalhou letras pelos Brasil afora; e o segundo juntou letras, fez palavras, tecendo, para enfeite de jornais, revistas e vidas livrescas, tapetes literários de perfeita tecedura. Dois líderes imortais, lideranças que são mais virtude do que dom, originado de uma força intrínseca e virtual que se caracteriza nos seus efeitos e consequências. Longe da errônea conceituação, hoje comumente nos roteadores e gateways da internet, o virtual não deve se opor àquilo que é real, mas apenas ao imediatamente atual. Tal assunto vem, desde IV a.C., de Aristóteles: Uma pequena semente contém uma frondosa e frutífera árvore, e isso é virtual e real... Deseja-se dizer que se Virginius não foi biologicamente pai, mas com certeza, ao conter virtualmente paternidades em liderança, gerou-nos no gozo literário, prazer passado virtualmente a cada um de nós, que poderá experimentar as consequências da causa que sempre se prolonga no efeito.
A APL desperta tal virtualidade às futuras ações e gerações através dos seus discursos: Numa noite esplendorosa, o acadêmico Sérgio de Castro Pinto, o historiador José Octávio de Arruda Mello, a Professora Raquel Nicodemos, o excepcional cronista Gonzaga Rodrigues, o escritor poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho e o intelectual amigo do homenageado Wills Leal explicaram Virginius. E, finalmente, ao descermos do auditório, a voz poética de Carlos Jales, seguida pelo confrade Carlos Aranha, recitou virginianas, diante de uma mesa com copos usados, garrafas semivazias, livros entreabertos, jornais riscados, máquina de escrever com uma crônica inacabada e uma carteira de Lucky Strike ao lado um cigarro aceso, soltando fumaça. Em tudo se via Virginius.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 12/08/2017
Alterado em 12/08/2017