Escorpiões Metamorfoseados
Amanheci, lendo a advertência do escritor e confrade na APL, Professor Milton Marques: “Meus amigos, o mal não dorme”. Durante o dia, haja bombardeio de notícias com respingos de sangue; chuva de mensagens caluniosas e muitas fakenews, alimentadas por mentiras, numa das suas características, maquinadas pelo ódio. Comecei a pensar estar existindo uma espécie de “maldade generalizada”. Tudo isso ocorre, sobretudo numa população, mas, onde também acontecem requintes de violência, o que deve ser preterido consensualmente, procedendo-se uma necessária higienização dessa realidade.
O caráter maldoso vem se desenvolvendo desde as idades mais tenras, conforme se eduque tal caráter, muitas vezes, tendendo progredir para um mal maior. Incessantemente, aproveita-se de tudo, em qualquer circunstância, para atacar, mentir, caluniar, inventando diatribes, até em papéis judiciais, que se transformam em maldade, falseando a realidade. O deleite de quem assim age é o êxito do seu golpe tredo e torvo. Que não percamos a paciência, para não entrarmos numa peleja apenas do bem contra o mal. Diante dessas maldades, que não aconteça a decepção, aos se esperar que alguns, saídos da juventude, mostrem-se responsavelmente sensatos. Temos de discordar, mas, melhor ser vítima da maldade do que ser seu medroso parceiro.
Com certeza, as boas ações e as melhores atitudes duram muito mais do que as más intenções, frutos da bagunça mental de quem vive para fazer o mal; de quem não dá descanso ao ódio, nas suas palavras e ações. Os textos sagrados dizem que no princípio era o caos. Aos tais agentes da maldade, o caos será do princípio ao fim. Quando tais árvores nascem tortas, o que fazer para a tortuosidade não continue a pender para o chão? Aquilo que é torto, nesse sentido, é desleal, impostor, pérfido, injusto, tais quais aqueles que acusaram Sócrates até matá-lo com cicuta. E assim continuam com suas almas irascíveis, mesmo tendo sido filhos de pais, boas árvores, de boas copas, dando-nos sombras, mas, infelizmente também alguns frutos pecos, fora de época, amargos e doentios.
Inteligentes? Sim. Mas, maldosos, não têm força e vontade para resistirem à tentação do vício ou da prática viciosa do mal. No fundo, pensam que é normal levar uma vida bestial, ao contrário do sentido humano da vida. Onde pode se ver a insistência desse assunto, fora dessa crônica? No dia a dia, nos jornais, na mídia, nos rádios, que, voltando do passado da comunicação, atualizam-se, aumentando a notícia dessa “realidade”. Nunca foi tão necessário “separar o joio do trigo”. Cresce a decepção sobre os acontecimentos, sobre a maldade em formas difusas. O mundo é mau? Não, apesar de alguns males que nos incomodam, ele é muito bom. Mas aqui e acolá, escondidos no escuro, há escorpiões metamorfoseados que perderão o poder do seu veneno. Nós, dialogando, podemos transformar o veneno em vacina, mesmo quando o veneno, assim, para muitos seja remédio, e para alguns de má índole, arma... Desse modo é o mundo, haveremos de conviver com os da maldade, porque dizia Cervantes, em Dom Quixote, Parte Segunda, Cap. LV: “Querer atar as línguas dos maldizentes é o mesmo que querer instalar portas no campo”. Porém, não devemos nos furtar de combater a maldade.
DESTAQUE DA CRÔNICA: Dialogando, podemos transformar o veneno em vacina, mesmo quando o veneno, assim, para muitos seja remédio, e para alguns de má índole, arma...
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 23/07/2020
Alterado em 25/07/2020