Biden, a vitória do bom senso
Quando os púlpitos religiosos e as civis tribunas assumem uma uníssona linguagem de dividir o mundo em dois, tudo em dois, todas as coisas em duas, quem pensa e reflete verifica que disso os fatores são visíveis e evidentes... A realidade é muito mais complexa e de admirável diversidade, e não simploriamente apenas em duas facetas, em dois tanques estanques, o do bem e o do mal, constituindo esse insano maniqueísmo um dilema insuportável: a planície ou o abismo, tornando-se isso, na sociedade, uma forte tensão social que afeta até então unida família. Assim, alimenta-se também, nos discursos, nas piadas e sobretudo nas fake news, um militantismo pueril e idiota, de radicais preconceitos, movidos pelo medo. Medo de quê? De perder, inclusive o que não se tem... Pois, a vitória de Joe Biden e Kamala Harris significa, pela expressiva votação do povo norte-americano e manifesto desejo internacional, uma mudança de trajetória e de eventuais perspectivas para diminuir essa tensão social, da qual sempre outros povos e qualquer interesse que não seja o seu se considera uma perseguidora ameaça.
Capitaneou Trump, nesse sentido e internacionalmente, um palavrório de sectarismo, que tradicionalmente ocorreu quando se pretendeu uma sociedade extremamente conservadora e egoística, consequentemente de propensão ditatorial, pregando-se um falso moralismo ou uma precaução contra o que representasse benefícios mais diretamente populares. Foram assim erigidos regimes políticos nefastos, a exemplo de Hitler e de Mussolini, com tais características tais “políticos” fizeram escola. A eleição de Biden e a derrota de Trump foram a vitória do bom senso.
As influências de decisões, decorrentes de um indivíduo só, com supremos poderes, como estava sendo o caso de Trump, gera um mundo de intolerâncias, de preconceitos e de violências, sejam elas materiais ou simbólicas. Em remoto exemplo, nos tempos do Império Romano, bastou “a conversão de Constantino” para haver uma reviravolta histórica em Roma, o que durou duzentos e cinquenta anos. De um político poderoso, como Trump, suas posições e atitudes desastrosas transtornam seus “países satélites”, criando problemas na nossa vida quotidiana, e , sobretudo, de modo geral, na política. Como sermos indiferentes a isso, se o “Tio Sam” nos trata como se fossemos seu quintal? Daí a alegria da vitória de Biden.
Joseph Robinette Biden Jr. e kamala Harris trarão outra dimensão à política estrangeira, especialmente ao nosso país, como ele já expôs regras de échange, prometendo maior segurança entre os cidadãos de qualquer cor, credo ou político-ideológica. Substituindo contestações e protestos, o voto, como controle da sociedade, para uma nova política interna dos USA e estrangeira; para uma orientação de estabilização do sistema monetário sem afetar o bem-estar das camadas mais pobres, inclusive garantindo-lhes mais saúde; e uma mais humana reorientação do conjunto da economia. Nesse aspecto, o que será bom para os Estados Unidos poderá, talvez, ser bom para o Brasil. Melhor que assim seja, porque se o mundo natural é regido pelo destino e pela sorte; o mundo tecnológico, pela racionalidade e pela entropia; não podemos deixar que o mundo social seja regido pelo maniqueísmo, pela agitação e pelo medo.
DESTAQUE: Se o mundo natural é regido pelo destino e pela sorte; o mundo tecnológico, pela racionalidade e pela entropia; não podemos deixar que o mundo social seja regido pelo maniqueísmo, pela agitação e pelo medo.
Damião Ramos Cavalcanti
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 12/11/2020