Estupidez intolerável
Os sensatos ficaram absortos de pensamentos, quando insensatos foram vistos de joelhos, no quente asfalto, com celulares ligados e apontados às galáxias, pedindo que extraterrestres descessem, de tão longe, para atacarem os terrestres, dando um golpe de Estado contra o povo brasileiro, derrotando nossa democracia. Tal loucura e alucinação não são irrisórias, mas gravemente preocupantes, enquanto provém de uma perniciosa ideologia, capaz de praticar atos descocados, insensatos, até crimes, como têm acontecido, já que as armas existem para isso, abundam e proliferam. Essa idolatria às armas se manifestou, no assalto em Brasília, quando dezenas delas foram roubadas das instâncias militares de defesa das instituições vilipendiadas.
Começa a dar asco, quando, de repente, se vê alguém vestido como um daqueles baderneiros. Pior, ultrajando a nossa Bandeira Nacional, cobrindo-se com ela para cometer crime ou desejar golpe... Sou daqueles que aprenderam, na escola, as normas para o uso respeitoso do nosso pavilhão nacional, cujo cumprimento não se tem observado pelas autoridades competentes, deixando que ela seja usada como macacão do obscurantismo anticonstitucional, partidário e radical. Quem assim se movimenta não estaria prestes a atos de vandalismo, como o que ocorreu, domingo (8/1/2023), em Brasília? Sentiram-se como quem vivenciasse, em novembro de 1938, sob o comando do nazismo, em toda a Alemanha, a “Noite dos Cristais”.
Verifiquem em livros, fotos, filmes em que isso se retrata, e constatem as semelhanças. Questão de tempo e de certos objetivos. O nazismo praticava tal ódio contra os judeus, comunistas e ciganos; aqui, em Brasília, contra a democracia e os direitos humanos; contra as respeitáveis instituições dos três poderes legitimamente constituídos do nosso país. Quebraram vidraças, também cristais e obras de arte, valiosíssimas, dos nossos mais famosos artistas, como a pintura de Di Cavalcanti, avaliada em milhões de reais, perfurada e rasgada à faca. Não deixariam, como nos tempos de Hitler, de ofender a Cultura, queimando ou rasgando obras de arte que não fossem do seu tirano gosto. Aonde iria o nosso país?
Afora os crimes já cometidos contra pessoas de outra tendência política ou ideológica, matando-as, domingo, em Brasília, foi a vez de marcharem contra democracia e ao patrimônio público, através de atitudes sórdidas e de atos hediondos. Também barbárie, lutuosa contra o bem do nosso povo. Urge que se apliquem, estejam onde estiverem, as adequadas sentenças da Justiça. Que sejam fortemente exemplares para que se evite, agora e no futuro, exatamente o contrário do que diz a nossa Bandeira: Desordem e retrocesso... O que houve foi uma estupidez intolerável! Sem tais “bárbaros”, o que será de nós? Um Brasil feliz... Não seja a democracia tolerante para suportar, sem justiça, tal ousado insulto. Num rasgo de esperança, toda civilização que se preze luta pela sua democracia, que cumpre a sua Constituição. Ela é a nossa Carta Magna, da qual emanam os três maiores poderes que foram desrespeitados pela vandalização, em Brasília, na sombria tarde desse último domingo.
Não é a consciência de uns que determina a consciência de todos, mas a consciência da maioria, numa democracia, que orienta desejos e vontades da nossa sociedade. O bom exemplo de eleição perdida já foi, anteriormente, dado, basta seguir essa sã consciência.
Enviado por Damião Ramos Cavalcanti em 10/01/2023
Alterado em 10/01/2023